domingo, 10 de junho de 2007

Tá de rolo ou tá ficando?

Por Cláudio Mariotto

Viva a sociedade pós-moderna! Se na padaria você pode provar um pedacinho do bolo para ver se vai levar um pedaço maior no quilo, na balada de hoje você pode ficar com uma pessoa, beijar, apertar, passar a mão, beber junto, ir embora e tudo bem! Se não voltar a ver a pessoa, não tem problema, foi só uma ficada. Tudo muito prático, afinal se você não gostou do beijo, se a “pegada” não foi aquela que você imaginava, não tem problema. Descarta, anda a fila e tudo bem. No meio das baladas, você ainda poderá recomendar: Olha... Fica com ele(a)! É bom! Já no rolo é diferente, não é mais ficada. Ficou, gostou, ficou novamente, foi ficando, ficando, até que virou rolo. Não é namoro, hein? É rolo! Namoro é compromisso, rolo ainda não. Mas existem outras vantagens: você pode ficar com um no começo da balada, outro no meio e ir embora com outro. Super normal, afinal, tá todo mundo fazendo!

Mas se a ficada é um lance que pode virar algo sério, surge um outro petisco na balada da galera: a frase: “Eu só beijei ele(a), não cheguei a ficar! Qual era mesmo o nome dele(a)?” E o sexo? É o que interessa! Como é que você vai namorar se não for para a cama antes? Tem que provar! Se não gostar, descarta! O esquema é amar ao próximo! Próximooo, e dá licença que a fila tem que andar! Da hora, não é galera? Então muita atenção, dia 12 de junho está chegando, Dia dos Namorados! Atenção ficantes, roleiros(as) e beijoqueiros (as) de balada, a comemoração não é para vocês. Porque amor não tem nada a ver com superficialidade, não tem a ver com a facilidade em se descartar o outro.

Dia 12 é o dia de quem namora, ama, briga, volta. Dia 12 é o dia de quem se preocupa, se envolve, liga para dizer “bom dia” e para dar um beijo de boa noite, mesmo estando em outro país por uns tempos. É o dia de quem conta as moedas juntos para comprar um saquinho de pipoca para dois, de quem abraça, beija, sonha junto e planeja mais vidas além e além. É o dia de quem entende que o outro é diferente, tem outras idéias, tem seu jeito único de ser, de falar, de chorar e até mesmo de expressar que ama, sem dizer uma só palavra. É o dia de quem tolera, pois além da malcriação momentânea, da palavra que magoou, existe o sentimento, o afeto. A chateação foi só um momento, passará...

Santo dia 12, brega, melado, com bombons e ursinhos, perfumes e beijinhos, mas profundo, sincero, lição de vida, segredo dos casamentos que são exemplos de felicidade!

Se você pensa o contrário, que tá fora de moda, que é bobeira, que tem que experimentar o mundo, tudo bem. Paulo beijou Ana que beijou Antônio, que beijou Roberto, que beijou Márcia, Andréia, Felipe, Regina, João, Suzana, Pedro, Rita que beijou Paulo, o mesmo que beijou Ana... Entre tantas bocas, anda meio difícil descobrir o sabor do beijo de quem você realmente gostou! Alô, ficantes, alô roleiros(as)! Dia 12 é o dia de refletir em quantas bocas se anda e pensar se não está na hora de pedir: “Você quer namorar comigo?”

Que o amor faça descer os céus e as estrelas e que continuemos trazendo a lua para nossas declarações de amor! Que no mês dos namorados possamos dar um tempo no descartar e começar a reciclar. Que o amor possa ser vivido pleno, absoluto, verdadeiro, tornando-nos humanos outra vez!

Cláudio Mariotto, é Terapeuta Holístico e trabalha com Psicanálise Integrada.
E-mail: crm_argonauta@hotmail.com

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