sábado, 9 de fevereiro de 2008

Tibete: até quando?

Por Flávio Marcondes Velloso

Ao se pensar no Tibete as lembranças trazem o glamour, a contemplação, a vertigem da espiritualidade nas alturas... No entanto, a realidade imposta ao "topo do mundo" é algo inaceitável... 50 anos subjugados pela China. 50 anos de silêncio obsequioso da comunidade internacional diante do gigante vermelho. 50 anos de afronta aos direitos humanos. 50 anos de genocídio de mais de um milhão de tibetanos. 50 anos de destruição de mais de 6 mil monastérios. 50 anos de extermínio de um povo humilde e resignado.

É hora mais do que nunca de se perguntar o que o mundo fará pelo Tibete? Onde estarão as Nações Unidas? Onde estará o Tribunal Internacional de Justiça? Onde estarão os países e as organizações internacionais defensoras e promotoras dos interesses globais? O Tibete não será patrimônio para a humanidade? A sua cultura, as suas tradições milenares, a sua religião, a sua filosofia de não-violência não serão um paradigma exemplar aos valores desenfreados da pós-modernidade no ocidente? Não haverá espaço na Terra para a sobrevivência do Tibete? Com a morte do 14º Dalai Lama o Tibete será definitivamente despersonalizado, desfigurado, enterrado? O Tibete não merece a atenção dos povos? Do direito internacional das gentes?

Na hegemonia do poder e da violência reinantes na Terra não haverá lugar para o pacífico Tibete? Simbolicamente acontecerá uma marcha para a retomada do país, pelos tibetanos, saindo de Dharamsala, na Índia, por volta de 10 de março desse ano de 2008, com previsão de seguir, por cinco meses, cada mês representando uma década da dominação de sangue, com chegada igualmente simbólica marcada para o dia 8 de agosto, rumo à fronteira indochinesa, instante da abertura dos Jogos Olímpicos de Pequim...

Também aproveitando esse momento único na história, após a invasão de meio século, do massacre de inocentes protagonizado pelos chineses, realizar-se-á uma "Olimpíada do Tibete", em Dharamsala, cidade sede do governo tibetano no exílio, residência oficial do Dalai Lama, seu líder político e espiritual máximo. Acontecerá de 15 a 25 de maio, como "um pequeno passo esportivo, mas um grande salto político"... Pois o que se quer é a libertação do Tibete! Entretanto, isso só virá com a participação de todos, com a devida pressão da opinião pública mundial, com a manifestação dos cidadãos dos diversos recantos do planeta, com a mente construtiva e a esperança renovada dos seres humanos, com a sua manifestação, com a nossa, em fortalecimento a uma sucessão de fatos imprescindíveis para o restabelecimento da independência do Tibete.

O que vamos fazer? O que fará cada um de nós? No site do movimento se pode inscrever e se solidarizar com a causa - http://tibetanuprising.org . Isso nos parece ser o mínimo para os homens que se dizem do bem. Mas se pode muito mais...

Para o Dalai Lama, cujo significado do título que carrega é “oceano de sabedoria”, "certas ideologias perdem o seu sentido com o correr do tempo. Sendo a vida o nosso bem mais precioso, devemos considerar a vida do próximo como mais preciosa e mais importante ainda que a nossa. Essa observação se faz pertinente ao longo de todas as épocas. Especialmente nestes tempos atuais, sobre os quais pende a ameaça da destruição total do mundo, se apresenta cada vez mais convincente". Assim, invertendo os papéis, do nosso amor e da nossa compaixão dependem agora o Tibete e o seu povo.

Alea jacta est, a sorte está lançada! Com a palavra, você! E não só! O que vamos conseguir dependerá de todos nós! Seremos merecedores do Tibete? As gerações futuras serão merecedoras das virtudes e riquezas do Tibete?

Flávio Marcondes Velloso, é professor e escritor membro da União Brasileira de Escritores.
E-mail: marcondesvelloso@itelefonica.com.br / Site: www.filoterapia.com

1 comentários:

FMV disse...

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